Abstract
Brissos (2014) and Brissos/Rodrigues (2016) draw on the data of the Acoustic Atlas of Portuguese Stressed Vowels (AVOC) to describe the stressed vowel systems of, respectively, central-southern and northwestern Portuguese dialects. This paper presents the AVOC data for northeastern Portugal, thus completing the picture for the country’s northern dialects. The vowel systems of the three areas are compared and systematized, and a synthetic depiction of the Portuguese cardinal dialectal areas (north vs. south) is put together. The importance of acoustic data for providing new, more accurate characterizations of Portuguese dialects is also evidenced.
4 Referências citadas
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Anexo
I. Mapas
![Mapa 1
Classificação dos dialetos portugueses de Cintra (1983b [1971]) (adaptado por Segura/Saramago 2001).](/document/doi/10.1515/zrp-2020-0007/asset/graphic/zrp-2020-0007_01.jpg)
Classificação dos dialetos portugueses de Cintra (1983b [1971]) (adaptado por Segura/Saramago 2001).

Rede de pontos do AVOC respeitante ao norte e ao centro-sul.Legenda:Noroeste: AV = Arcos de Valdevez; CN = Castelo de Neiva; Fs = Fiscal; Gg = Gagos; B-SE = Barrosas-Santo Estêvão; Sb = Sobrado.Nordeste: SA = Santo André; Ro = Roalde; Out = Outeiro; Mml = Marmelos; Lr = Larinho.Centro-sul: Alp = Alpalhão; FA = Foros do Arrão; CV = Castelo de Vide; Fr = Freixial; Alc = Alcochete; FCN = Foros da Casa Nova; Bl = Baldios; Cr = Carrapatelo; Qt = Quintos; ZM = Zambujeira do Mar; Ms = Mesquita; PS = Praia da Salema; SL = Santa Luzia.

Posição relativa de /u/ do português padrão.Legenda:¨ = A vogal /u/ é a mais recuada do sistema vocálico tónico (Arcos de Valdevez, Castelo de Neiva, Fiscal, Gagos, Barrosas-Santo Estêvão, Sobrado, Roalde, Outeiro, Foros do Arrão, Cabeço de Vide, Freixial, Baldios, Mesquita e Santa Luzia).¡ = A vogal /u/ não é a mais recuada do sistema vocálico tónico, mas permanece no eixo articulatório posterior (Santo André, Marmelos, Larinho, Alcochete, Carrapatelo, Quintos e Zambujeira do Mar).« = A vogal /u/ não é a mais recuada do sistema vocálico tónico e não permanece no eixo articulatório posterior (Alpalhão, Foros da Casa Nova e Praia da Salema).

Fusão das vogais médias anteriores e posteriores (i.e. /e ɛ o ɔ/ do português padrão) e da média e alta posteriores (/o u/).Legenda:1. Fusão das médias anteriores.n = Total (ou praticamente total): com abertura de /e/ (Mesquita) ou fechamento de /ɛ/ (Arcos de Valdevez e Castelo de Neiva).¨ = Parcial: com abertura de /e/ (Santo André, Marmelos e Outeiro) ou fechamento de /ɛ/ (Sobrado e Larinho).2. Fusão das médias posteriores.l = (Praticamente) total (concretiza-se no fechamento de /ɔ/ e inclui aproximação de /o/ a /u/): Carrapatelo.¡ = Parcial: com abertura de /o/ (Santo André, Marmelos e Outeiro) ou fechamento de /ɔ/ (Alpalhão e Praia da Salema).3. Fusão de /o/ e /u/.ª = (Praticamente) total (concretiza-se no fechamento de /o/ e inclui incorporação de /ɔ/ em /o/): Fiscal e Quintos.² = Parcial: com fechamento de /o/ (Barrosas-Santo Estêvão) ou abertura de /u/ (Arcos de Valdevez).

Deslocamento em cadeia de /e ɛ/ do português padrão.Legenda:s = Contexto 2 com qualidade vocálica mais aberta do que o contexto 1 apenas na vogal /e/ (Arcos de Valdevez e Castelo de Neiva).[26]q = Contexto 2 com qualidade vocálica mais aberta do que o contexto 1 apenas na vogal /ɛ/ (Foros do Arrão, Quintos, Zambujeira do Mar e Santa Luzia).« = Contexto 2 com qualidade vocálica mais aberta do que o contexto 1 em ambas as vogais (Mesquita e Praia da Salema).
![Mapa 6
Avanço e recuo articulatórios de /e ɛ/ do português padrão.Legenda:1. Recuo.u = Variante máxima, que consiste na centralização da vogal. O fenómeno em /e/ (Alpalhão) e em /ɛ/ (Zambujeira do Mar).w = Variante mínima, em que a vogal permanece no eixo articulatório anterior: (i) recuo para o eixo da vogal /ɛ/, no caso de /e/ (Barrosas-Santo Estêvão, Foros do Arrão, Cabeço de Vide, Alcochete, Foros da Casa Nova, Carrapatelo e Zambujeira do Mar); (ii) recuo dentro do eixo da vogal /ɛ/, no caso de /ɛ/ (qualidade [ɛ̝˗]) (Carrapatelo).2. Avanço.t = Variante máxima, em que a vogal avança para dentro do eixo articulatório de outra vogal: (i) avanço para o eixo da vogal /i/, no caso de /e/ (Quintos); (ii) avanço para o eixo da vogal /e/, no caso de /ɛ/ (Sobrado, Santo André, Larinho e Quintos).v = Variante mínima, em que a vogal permanece no seu próprio espaço acústico vertical (qualidades de tipo [e˖] ou [ɛ˖]). O fenómeno em /e/ (Castelo de Neiva, Sobrado, Larinho, Freixial e Praia da Salema) e em /ɛ/ (Marmelos).](/document/doi/10.1515/zrp-2020-0007/asset/graphic/zrp-2020-0007_06.jpg)
Avanço e recuo articulatórios de /e ɛ/ do português padrão.Legenda:1. Recuo.u = Variante máxima, que consiste na centralização da vogal. O fenómeno em /e/ (Alpalhão) e em /ɛ/ (Zambujeira do Mar).w = Variante mínima, em que a vogal permanece no eixo articulatório anterior: (i) recuo para o eixo da vogal /ɛ/, no caso de /e/ (Barrosas-Santo Estêvão, Foros do Arrão, Cabeço de Vide, Alcochete, Foros da Casa Nova, Carrapatelo e Zambujeira do Mar); (ii) recuo dentro do eixo da vogal /ɛ/, no caso de /ɛ/ (qualidade [ɛ̝˗]) (Carrapatelo).2. Avanço.t = Variante máxima, em que a vogal avança para dentro do eixo articulatório de outra vogal: (i) avanço para o eixo da vogal /i/, no caso de /e/ (Quintos); (ii) avanço para o eixo da vogal /e/, no caso de /ɛ/ (Sobrado, Santo André, Larinho e Quintos).v = Variante mínima, em que a vogal permanece no seu próprio espaço acústico vertical (qualidades de tipo [e˖] ou [ɛ˖]). O fenómeno em /e/ (Castelo de Neiva, Sobrado, Larinho, Freixial e Praia da Salema) e em /ɛ/ (Marmelos).
![Mapa 7-1
Ditongo /ei/ do português padrão.Legenda:n = Monotongação estabelecida: todos os pontos meridionais.o = Aparente tendência de monotongação (vogal e semivogal no tipo [e]): Marmelos.³ = Possível tendência de monotongação (aproximação da vogal à semivogal, mantendo-se os tipos vocálicos distintos): Larinho.q = Dissimilação da vogal por abertura (vogal no tipo [ɛ]): Castelo de Neiva e Santo André.s = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [e]): Marmelos.Ú = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [e]), com monotongação posterior: Santa Luzia.w = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com recuo mas mantida no eixo articulatório anterior): Arcos de Valdevez, Fiscal e Outeiro.Ø = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com recuo mas mantida no eixo articulatório anterior), com monotongação posterior: Zambujeira do Mar.p = Assimilação: monotongo na mesma qualidade da semivogal originária (tipo [i]): Alcochete.r = Aparente assimilação: monotongo aproximado à qualidade da semivogal originária (fechado e/ou avançado, mas mantido no tipo [e]): Alpalhão, Freixial, Carrapatelo, Quintos, Mesquita e Praia da Salema.](/document/doi/10.1515/zrp-2020-0007/asset/graphic/zrp-2020-0007_07.jpg)
Ditongo /ei/ do português padrão.Legenda:n = Monotongação estabelecida: todos os pontos meridionais.o = Aparente tendência de monotongação (vogal e semivogal no tipo [e]): Marmelos.³ = Possível tendência de monotongação (aproximação da vogal à semivogal, mantendo-se os tipos vocálicos distintos): Larinho.q = Dissimilação da vogal por abertura (vogal no tipo [ɛ]): Castelo de Neiva e Santo André.s = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [e]): Marmelos.Ú = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [e]), com monotongação posterior: Santa Luzia.w = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com recuo mas mantida no eixo articulatório anterior): Arcos de Valdevez, Fiscal e Outeiro.Ø = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com recuo mas mantida no eixo articulatório anterior), com monotongação posterior: Zambujeira do Mar.p = Assimilação: monotongo na mesma qualidade da semivogal originária (tipo [i]): Alcochete.r = Aparente assimilação: monotongo aproximado à qualidade da semivogal originária (fechado e/ou avançado, mas mantido no tipo [e]): Alpalhão, Freixial, Carrapatelo, Quintos, Mesquita e Praia da Salema.
![Mapa 7-2
Ditongo /ou/ do português padrão.Legenda:n = Monotongação estabelecida: todos os pontos meridionais.o = Aparente tendência de monotongação (vogal e semivogal no tipo [o]): Sobrado, Marmelos, Outeiro e Larinho.³ = Possível tendência de monotongação (aproximação da vogal à semivogal, mantendo-se os tipos vocálicos distintos): Fiscal e Gagos.q = Dissimilação da vogal por abertura (vogal no tipo [ɔ]): Castelo de Neiva.s = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [o]): Santo André, Marmelos e Outeiro.Ú = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [o]), com monotongação posterior: Foros da Casa Nova, Mesquita e Santa Luzia.t = Realização centralizada do monotongo: Alpalhão.v = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com avanço mas mantida no eixo articulatório posterior): Arcos de Valdevez, Sobrado, Santo André, Marmelos e Outeiro.p = Assimilação: monotongo na mesma qualidade da semivogal originária (tipo [u]): Alcochete, Baldios e Quintos.r = Aparente assimilação: monotongo aproximado à qualidade da semivogal originária (fechado, mas mantido no tipo [o]): Carrapatelo e Zambujeira do Mar.](/document/doi/10.1515/zrp-2020-0007/asset/graphic/zrp-2020-0007_08.jpg)
Ditongo /ou/ do português padrão.Legenda:n = Monotongação estabelecida: todos os pontos meridionais.o = Aparente tendência de monotongação (vogal e semivogal no tipo [o]): Sobrado, Marmelos, Outeiro e Larinho.³ = Possível tendência de monotongação (aproximação da vogal à semivogal, mantendo-se os tipos vocálicos distintos): Fiscal e Gagos.q = Dissimilação da vogal por abertura (vogal no tipo [ɔ]): Castelo de Neiva.s = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [o]): Santo André, Marmelos e Outeiro.Ú = Possível dissimilação da vogal por abertura (vogal com abertura mas mantida no tipo [o]), com monotongação posterior: Foros da Casa Nova, Mesquita e Santa Luzia.t = Realização centralizada do monotongo: Alpalhão.v = Possível dissimilação da vogal por centralização (vogal com avanço mas mantida no eixo articulatório posterior): Arcos de Valdevez, Sobrado, Santo André, Marmelos e Outeiro.p = Assimilação: monotongo na mesma qualidade da semivogal originária (tipo [u]): Alcochete, Baldios e Quintos.r = Aparente assimilação: monotongo aproximado à qualidade da semivogal originária (fechado, mas mantido no tipo [o]): Carrapatelo e Zambujeira do Mar.

Monotongação dos ditongos /ei/ e /ou/ no norte interior: dados de Leite de Vasconcelos.[27]Legenda:ü = Monotongação de ei ou de ou: Freixo de Espada à Cinta, Moncorvo e Valpaços; Argozelo (Vimioso), Carção (idem), Matela (idem), Moncorvo e Tralhariz (Carrazeda de Ansiães).Ì = Aparente tendência de monotongação de ei ou de ou (semivogal reduzida ou quase inexistente): Matela (Vimioso), Tralhariz (Carrazeda de Ansiães) e Vargem (Bragança); Castro de Avelãs (Bragança) e Valpaços.
![Mapa 9
Qualidades da vogal /a/ do português padrão.Legenda:1. Avanço articulatório.t = Total (realização [æ]): Sobrado.v = Parcial (realização [a˖]): Castelo de Neiva.2. Recuo articulatório.u = Total (realização [ɒ]): Praia da Salema.w = Parcial (realização [a˗]): Roalde, Outeiro, Zambujeira do Mar e Mesquita.](/document/doi/10.1515/zrp-2020-0007/asset/graphic/zrp-2020-0007_10.jpg)
Qualidades da vogal /a/ do português padrão.Legenda:1. Avanço articulatório.t = Total (realização [æ]): Sobrado.v = Parcial (realização [a˖]): Castelo de Neiva.2. Recuo articulatório.u = Total (realização [ɒ]): Praia da Salema.w = Parcial (realização [a˗]): Roalde, Outeiro, Zambujeira do Mar e Mesquita.
II. Dados acústicos
A. Valores Hertz
Nos quadros A-1 e A-2 estão sistematizados os valores Hz médios dos três primeiros formantes (F1, F2 e F3, respetivamente) de cada vogal de cada ponto de inquérito, acrescidos dos valores correspondentes aos ditongos históricos /ei/ e /ou/ (e.g. leite, pouco). Serve de referência o sistema do português padrão, tal como foi explicado na secção 1 do texto.
Esses quadros devem ser lidos de acordo com as seguintes explicações complementares:
Os valores dos formantes em cada coluna são dados pela ordem F1, F2, F3, com os desvios-padrão respetivos entre parênteses. Assim, p. ex., se na vogal α encontramos a sequência de valores 500, 1500, 2500 (10, 20, 30), temos que o F1 da vogal = 500 Hz (com desvio-padrão = 10), F2 = 1500 Hz (σ = 20) e F3 = 2500 Hz (σ = 30).
Existem realizações ditongadas não só no caso dos ditongos /ei/ e /ou/ mas também de outras vogais; em qualquer desses casos, as células da tabela estão divididas em duas de modo a representar os seus dois timbres ou qualidades vocálicas.
As vogais /e ɛ o ɔ/ (ou seja, as vogais médias) têm dois subtipos de ditongação: no primeiro subtipo, que surge indicado nos quadros por «RD1» (= realização ditongada 1), o primeiro e o segundo timbres do ditongo permanecem no mesmo eixo articulatório (anterior no caso de /e ɛ/, posterior no caso de /o ɔ/; e.g. [fɐˈzi̯eɾ] fazer, [ˈpi̯ɛ] pé e [ˈtu̯oðu] todo, [ˈku̯ɔβɾɐ] cobra); no segundo subtipo, indicado por «RD2», o segundo timbre do ditongo não é produzido no eixo articulatório do primeiro timbre do ditongo, mas sim no eixo central (como nas realizações [eɐ̯ ɛɐ̯ oɐ̯ ɔɐ̯], respetivamente [fɐˈzeɐ̯ɾ] fazer, [ˈpɛɐ̯] pé, [ˈtoɐ̯ðu] todo, [ˈkɔɐ̯βɾɐ] cobra). Podem ver-se descrições pormenorizadas destas ditongações em Brissos/Rodrigues (2016), e o estudo respetivo no presente artigo em 2.3.5; em qualquer caso, as cartas de formantes apresentadas adiante no Anexo II-B deixam-nas patentes.




B. Cartas de formantes
As figuras A a X dão as cartas de formantes clássicas (primeiro e segundo formantes, valores médios absolutos) de todos os pontos de inquérito estudados neste trabalho. O formalismo das cartas é o seguinte.
Os monotongos são representados com o símbolo fonético da vogal correspondente do português padrão; as realizações ditongadas são representadas com setas que indicam, no seu ponto inicial, o primeiro timbre (i.e. o primeiro tom) do ditongo, e no seu ponto final o segundo timbre do ditongo. Os ditongos históricos /ei/ e /ou/ monotongaram no sul do país, sendo representados nas cartas de formantes dos pontos de inquérito dessa região com os símbolos «E» e «O», respetivamente.
As setas que representam os ditongos variam em cor, de acordo com o seguinte código:
as setas de cor azul representam os ditongos /ei/ e /ou/ (que ocorrem, como foi referido, apenas na região norte);
as setas de cor verde e vermelha representam as ditongações das vogais médias que estão descritas na secção A deste anexo; as setas de cor verde reportam-se às ditongações das médias-fechadas (/e o/) e as de cor vermelha às das médias-abertas (/ɛ ɔ/);
a seta de cor amarela que surge na figura B (carta de formantes de Castelo de Neiva) representa a ditongação de /i/ que ocorre nesse local (descrita na secção 2.2.1 do texto).
























C. Espaços acústicos das vogais e dos ditongos
São apresentados três quadros nesta secção:
O quadro C-0 dá os valores totais de espaço acústico de F1 e F2 de cada ponto de inquérito. Para a definição de espaço acústico, cf. supra a secção 1 do texto.
Os quadros C-1 e C-2 são complementares dos quadros A-1 e A-2 (apresentados supra na secção II-A deste anexo) e sistematizam os valores de espaço acústico de F1 e F2 de todas as vogais e semivogais do corpus utilizado no presente estudo. Os valores apresentados são a percentagem do espaço acústico de cada vogal/semivogal de cada ponto de inquérito em função do sistema vocálico desse ponto de inquérito, e não de uma média total.
Os espaços acústicos de cada ponto de inquérito são definidos a partir dos valores Hz apenas das vogais, deixando as semivogais de fora (por isso o espaço acústico das semivogais é negativo em alguns casos).
Os valores figuram em ambos os quadros pela ordem F1, F2; assim, se a vogal α tem a sequência 40, 60, entende-se que o seu valor de F1 ocupa 40% do espaço acústico total de F1 da localidade em questão e, analogamente, o valor de F2 ocupa 60%.
Dimensão do espaço acústico de F1 e F2 em cada ponto de inquérito (valores Hz)
|
Ponto de inquérito
(norte) |
F1 | F2 |
Ponto de inquérito
(centro-sul) |
F1 | F2 |
| Arcos de Valdevez | 290 | 1189 | Alpalhão | 493 | 1397 |
| Castelo de Neiva | 438 | 1094 | Foros do Arrão | 349 | 1350 |
| Fiscal | 459 | 1512 | Cabeço de Vide | 374 | 1252 |
| Gagos | 368 | 1206 | Freixial | 320 | 1109 |
| Barrosas-Santo Estêvão | 379 | 1342 | Alcochete | 422 | 1318 |
| Sobrado | 396 | 1221 | Foros da Casa Nova | 296 | 1035 |
| Santo André | 450 | 1370 | Baldios | 352 | 1114 |
| Roalde | 314 | 1270 | Carrapatelo | 417 | 1585 |
| Marmelos | 453 | 1397 | Quintos | 406 | 1203 |
| Outeiro | 396 | 1385 | Mesquita | 288 | 1250 |
| Larinho | 369 | 1243 | Zambujeira do Mar | 303 | 1001 |
| Praia da Salema | 255 | 1146 | |||
| Santa Luzia | 309 | 1157 | |||


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- Georg Kremnitz, Frankreichs Sprachen (Romanistische Arbeitshefte, 60), Berlin/München/Boston, De Gruyter, 2015, XI + 203 p.
- Caterina Menichetti, Il canzoniere provenzale E (Paris, BNF, fr. 1749), Strasbourg, ELiPhi, 2015, XVI + 517 p.
- María Álvarez de la Granja / Ernesto González Seoane (edd.), Léxico dialectal y lexicografía en la Iberorromania (Lingüística Iberoamericana, 73), Madrid/Frankfurt am Main Iberoamericana/Vervuert, 2018, 500 p.
- Federico Corriente / Christophe Pereira / Ángeles Vicente, Dictionnaire des emprunts ibéro-romans. Emprunts à l’arabe et aux langues du Monde Islamique (Encyclopédie linguistique d’Al‑Andalus, 3), Berlin/Boston, De Gruyter, 2019, 625 p.
- Sabine Heinemann, Altitalienisch. Eine Einführung, Tübingen, Narr Francke Attempto, 2017, 245 p.
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- Frontmatter
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- Editorial
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- L’Historia della guerra del Monferrato: un testo non piemontese
- Doppia coniugazione regolare del passato remoto in italiano contemporaneo
- Miszellen
- Vicissitudini lessicografiche di cocoggio e di acudia
- It. utello
- Besprechungen
- Philippe de Mézières. Rhétorique et poétique, Édité par Joël Blanchard avec la collaboration de Renate Blumenfeld-Kosinski et Antoine Calvet (Cahiers d’Humanisme et Renaissance, 157), Genève, Droz, 2019, 325 p.
- Franz Staller, Kritische Edition und sprachhistorische Analyse der Innsbrucker Fragmente eines hebräisch-altfranzösischen Bibelglossars (ULB Tirol, Frg. B 9), Innsbruck, Studia, 2019, 398 p.
- Georg Kremnitz, Frankreichs Sprachen (Romanistische Arbeitshefte, 60), Berlin/München/Boston, De Gruyter, 2015, XI + 203 p.
- Caterina Menichetti, Il canzoniere provenzale E (Paris, BNF, fr. 1749), Strasbourg, ELiPhi, 2015, XVI + 517 p.
- María Álvarez de la Granja / Ernesto González Seoane (edd.), Léxico dialectal y lexicografía en la Iberorromania (Lingüística Iberoamericana, 73), Madrid/Frankfurt am Main Iberoamericana/Vervuert, 2018, 500 p.
- Federico Corriente / Christophe Pereira / Ángeles Vicente, Dictionnaire des emprunts ibéro-romans. Emprunts à l’arabe et aux langues du Monde Islamique (Encyclopédie linguistique d’Al‑Andalus, 3), Berlin/Boston, De Gruyter, 2019, 625 p.
- Sabine Heinemann, Altitalienisch. Eine Einführung, Tübingen, Narr Francke Attempto, 2017, 245 p.